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Like A Man

03 de Janeiro, 2017

Vamos falar de preconceito?

LiAM
Não daquele preconceito absurdo e inaceitável que nos faz ostracizar outro só pela sua orientação sexual ou cor da pele, mas de um outro, apenas palerma, que nos faz dizer que não gostamos disto ou daquilo sem termos sequer experimentado. Será talvez um resquício daquela coisa de criança de dizer que não gostamos de favas, por exemplo, apenas porque têm um aspecto um pouco mais estranho. Acho que será justo dizer que todos passámos por isso, não?Não sendo um tipo de preconceito que magoa terceiros, como alguns outros, feitas as contas terá o mesmo resultado: se esses outros preconceitos nos podem tirar o privilégio de conhecer pessoas fantásticas, este tirar-nos-á a possibilidade de ter novas experiências, sem dúvida diferentes do que normalmente fazemos.Se repararmos, vemos isso a toda a hora, em todo o lado. Na gastronomia (não apenas com as favas, e nem sempre enquanto crianças), na literatura (“Estás a ler um livro desse autor? Que horror!”), na escolha do local onde vamos passar férias (há sempre alguém que acha que a “nossa” praia não presta), e por aí fora. E notem que não estamos a falar de gostos. Esses serão sempre uma liberdade de cada um. Uma liberdade que até podemos discutir, de preferência de forma saudável e sempre respeitando a opinião do outro. Aqui estamos a falar de um pré-conceito, uma ideia feita à partida sem termos experimentado ou avaliado aquilo de que estamos a falar.Um tipo de preconceito que existe muito no universo dos veículos motorizados. Seja em carros ou motas, parece-me evidente que todos temos o direito de ter as nossas preferências ou as nossas marcas “fetiche”. Há quem só compre Mercedes, outros toda a vida tiveram motas BMW, e por aí fora. São gostos. Ou manias, se preferirem. O que já não será tão normal é acharmos que todos os outros que preferem outra marca, ou até outro estilo de mota, por exemplo, são totós.img_1993Falo sobre isto a propósito de andar há uns dias com uma Piaggio MP3 emprestada pela marca que, para quem não sabe, é uma scooter de três rodas. Sim, tem uma roda a mais do que esperamos de uma mota mas não deixa de cumprir o propósito a que se destina: levar-nos do ponto A ao ponto B com a agilidade e desenvoltura que um automóvel não permite, para além de nos proporcionar a sempre desejável sensação de liberdade que só o vento a bater-nos no cara nos pode oferecer. E esse é um ponto. O contraponto é que a solidariedade que une motociclistas parece não ser extensível a quem conduz uma mota de três rodas. Não que tenha sentido isso na pele em algum episódio em particular, mas não há como não reparar no olhar paternalista e carregado de complacência de alguns motards, quase como dizendo: “ó rapazinho, o que é isso? E uma mota a sério, não?”.A verdade é que esta será sempre uma óptima solução para quem - por algum motivo - não se sente confortável em duas rodas e, sobretudo, para quem, não tendo carta de mota, pretende uma forma alternativa de se fazer transportar sem a limitação dos 125cc. Sim, é verdade, esta Piaggio MP3 tem um motor de 300cc e pode ser conduzida apenas com carta de ligeiros, o que representa uma enorme vantagem competitiva face a outras opções no mercado. E em Lisboa, com estradas de empedrado e com carris de eléctrico pelo meio, as duas rodas da frente são uma enorme vantagem para quem não é tão ágil na condução. Não é o meu caso, mas não é por isso que não lhe reconheço essa mais-valia. E não será, com certeza, por isso que vou olhar de lado, ou de cima para baixo, para alguém que conduz uma mota deste género. É a sua escolha, e desde logo com uma enorme vantagem: será menos um automóvel na estrada, não apenas a poluir, mas também - e sobretudo - a contribuir para os congestionamentos de trânsito. Para além do lado lúdico da coisa, claro. Conduzir uma mota pelas ruas da cidade, ainda que com três rodas, será sempre muito mais divertido do que conduzir um automóvel. Sem qualquer tipo de preconceito, claro. 

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