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Like A Man

24 de Novembro, 2017

Quando nos morre uma influência

Filipe Gil

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Morrer! À medida que vamos envelhecendo este conceito abstracto torna-se cada vez mais real. São familiares, amigos e “gente” da nossa idade. E mesmo pessoas que não conhecemos de lado nenhum mas que cresceram (e envelheceram) connosco, ou que crescemos com elas e que vão desaparecendo, algumas subitamente.

 

 

Infelizmente, e de repente, dei comigo online a ver destaque de notícias que informavam que Pedro Rolo Duarte morreu. Confesso que tentei perceber se não seria daquelas notícias falsas que já dizimaram falsamente metade das figuras públicas em Portugal. Mas ao clicar num site de informação fidedigna vi que a merda da notícia era mesmo verdade.


Não conhecia pessoalmente Pedro Rolo Duarte, a única vez que estive perto dele fisicamente foi quando participei numa conferência de bloggers – estava eu na altura estava no projeto Correr na Cidade. Tímido que sou nem ousei falar-lhe. Sou assim com pessoas que admiro muito. Como era o Pedro Rolo Duarte -  estou a dias de entrevistar publicamente o publicitário Edson Athayde e confesso que estou borrado de não estar à altura deste fantástico criativo.

 

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Mas voltando ao Pedro Rolo Duarte, com ele descobri o tipo de jornalismo que sempre gostei de fazer. Não aquele “fuçanga”, atrás do culpado, do criminoso, da falsidade – jornalismo estritamente necessário para a sociedade, mas sim o jornalismo de histórias, com pessoas.

 

Foi com Pedro Rolo Duarte e os jornalistas que faziam o suplemento DNA (do Diário de Notícias) – entre eles as fantásticas reportagens da Sónia Morais Santos e da Anabela Mota Ribeiro – que decidi continuar a ser jornalista e não me virar para outros lados da comunicação.

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Foram aquelas histórias, a intensidade da escrita se calhar só possível num mundo pré-smartphone que me agarravam todos os sábados a perder cerca de duas horas a ler o suplemento de fio a pavio. Quem é que hoje tira duas horas para ler um suplemento de um jornal?. As fotos, os textos, o papel, o cheiro. Aquele DNA era qualquer coisa. Marcou-me.

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Mas não só na escrita, Pedro Rolo Duarte tinha uma voz que aquecia quem o ouvia na rádio, e ouvi muito os programas dele. Gostava menos de o ver na televisão, parecia menos simpático, por vezes tarciturno. Talvez fosse tímidez

 

O Pedro, se aceitasse, seria um excelente homem para termos uma conversa aqui no LiAM. Nunca tive coragem de lhe fazer esse convite. E  hoje quando li a notícia da sua morte arrependi-me muito. Tenho a certeza que seria uma conversa com muito conteúdo, interesse e sapiência.

 

Mas mais importante que entrevistas para este blogue é pensar que não vamos mais ver, ouvir e ler as ideias novas do Pedro. Confesso que agora que a crise abrandou estava a espera de que um dia um editor com coragem e criatividade convidasse o Pedro Rolo Duarte para mais um projeto daqueles, diferente, mas com a criatividade de um DNA. Infelizmente isso não vai ser possível. A porcaria do cancro levou-o, como está a levar muitos. Demasiados.

 

Como já referi, nunca conheci pessoalmente o Pedro Rolo Duarte, mas queria publicamente agradecer toda a inspiração que me deu. Um abraço, esteja onde estiver.

 

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