20 de Dezembro, 2016
Prontos para o Natal? E para ouvir?
LiAM
Ao ler este artigo lembrei-me de algo sobre o qual queria escrever há já algum tempo. Não é exactamente sobre aquilo que escreve a jornalista, mas serão temas que se tocam. À medida que a sociedade parece afastar-nos uns dos outros, cada um em sua casa, cada qual no seu mundinho, dei por mim a reflectir sobre o momento em que nos cruzamos na rua com alguém conhecido. Invariavelmente sai-nos um “Olá, estás bom?” ou um “Viva, tudo bem?”, mas quantos de nós querem mesmo saber como está aquela pessoa? É uma pergunta retórica, claro, mas deveria mesmo ser assim? Eu sei que não temos tempo. Temos o emprego, os miúdos, o ginásio, o jantar para fazer, o cão para passear, a casa para arrumar, enfim. Temos tudo e mais alguma coisa, mas e as pessoas? Em que “slot” da nossa vida cabem as pessoas? Quando é que vamos querer escutar a resposta à pergunta que distraidamente fazemos sob a forma de cumprimento? Em que momento vamos mesmo querer saber se o nosso vizinho do lado, de quem até não somos assim tão próximos, se sente sozinho e precisa de alguém para conversar? Serão os presentes de Natal dos miúdos mais importantes que rapaz do 3º esquerdo que perdeu os pais e não tem com quem passar a quadra que se quer festiva?Sim, eu sei. Não é fácil pegar numa mão cheia de humanidade e fazer um embrulho bonito para deixar debaixo da árvore de Natal. É um pouco mais complexo do que isso. Envolve abdicar de algo, “perder” alguns minutos do nosso tempo e escutar. Passa por estar mais ali, naquele momento, e menos nas preocupações com tudo o que está para vir. Possamos nós ser um pouco mais conscientes e atentos às pessoas com que nos cruzamos todos os dias e sim, isso sim, será um belo presente para este Natal. Provavelmente não vai dar a melhor fotografia para o instagram, mas terá um “like” que não se esgota naquele quadradinho, bem pelo contrário.