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Like A Man

06 de Fevereiro, 2017

LiAM em viagem: paragem #3 - Hoi An (Vietname)

LiAM

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Deixem-me falar-vos de Hoi An. Há quem diga que se trata da cidade mais bonita do Sudeste Asiático, mas não vou por aí. Apenas porque não me parece relevante dizer se é mais ou menos bonita. É bonita. Ponto. Ponto e vírgula, aliás. É bonita, charmosa e muito pitoresca. Pitoresca no sentido literal do termo. Hoi An é digna de figurar numa moldura, imortalizada pela mão de alguém com jeito para ilustrar aquilo que as palavras têm dificuldade em expressar. Na ausência desse jeito, deixo-vos algumas fotografias e o relato dos meus dias para tentar ilustrar o quanto gostei da cidade – e foi muito.

Localizada no centro do Vietname, Hoi An era uma cidade que estava no meu (meio) plano de viagem. Tinham-me aconselhada a visita e uma breve pesquisa no Google justificou as recomendações. O charme desta pequena cidade (120 mil habitantes) salta à vista mesmo nas piores fotografias que possam encontrar. Não é à toa que o centro histórico da cidade é considerado Património da Humanidade pela Unesco, muito pelo excelente estado de conservação que a tornam num exemplo perfeito de um porto de comércio do sudeste asiático do século XV. O ex-líbris da cidade é a ponte japonesa que remonta, imaginem, ao ano de 1590.[gallery ids="2801,2792,2788" type="rectangular"]Mas não pretendo dar-vos uma lição de história. Quero apenas dizer-vos que se um dia forem ao Vietname este é uma visita que não devem mesmo deixar de fazer. Venham do norte ou sul do país, ou até do estrangeiro, como eu, que viajei do Cambodja para aqui, a cidade para onde têm de voar é Da Nang, que dista aproximadamente 40 quilómetros de Hoi An. Se preferirem o comboio (uma experiência que tive pena de não ter tido) também devem ter como destino a mesma cidade. Daí para o destino final é uma corrida de táxi, de shuttle (os hotéis providenciam a pedido) ou, para os mais destemidos, de mota.No meu caso, como estava sozinho, não me apeteceu arriscar e aceitei a oferta proposta pelo alojamento onde ia ficar: tinha um carro à minha espera, com a cena típica de alguém a segurar um papel com o meu nome escrito (sem erros, atenção). Se repararam que escrevi “alojamento” e não Hotel, são bons observadores. De facto, desta vez optei por uma experiência diferente, muito comum aqui pelo Vietname: fiquei numa Homestay. É uma espécie de cruzamento entre um alojamento local, um hotel e o Airbnb. Resultado: uma casa grande com quartos com WC privativo, tal como um hotel, mas com um twist. É uma casa de família, que mora também na mesma casa, tipicamente na parte traseira do piso térreo.[gallery ids="2793,2794,2789" type="rectangular"]Neste caso, escolhi a Green Bud Homestay, gerida pela filha mais velha dos donos, Lê, que vive também ela na casa com a sua própria família: marido e filha bebé. Mas calma, não comecem já a imaginar uma enorme confusão de pessoas, com toda a gente misturada. Nada disso, é tudo super tranquilo, a família é muito discreta e não se poupa a esforços para nos fazer sentir confortáveis e em casa. E depois cada hóspede tem o seu próprio quarto, com privacidade absoluta, claro. E no meu caso fiquei com o melhor quarto da casa, com duas camas de casal gigantes só para mim, imagine-se. E um extra: ao meu segundo dia lá (fiquei três noites) fui convidado para um almoço de família e de vizinhos da família Thi. Que maravilha! Apenas eu e a Lê falámos inglês, pelo que foi junto dela que tentei perceber o que estávamos a comer e o que achavam eles de tudo aquilo. Em sentido contrário, a tia perguntou-lhe se eu não tinha namorada e, em consequência disso, se não gostava das mulheres vietnamitas. Suponho que o hábito de tentar criar casalinhos é universal. Mas foi uma experiência inesquecível, garanto-vos.[gallery ids="2807,2808,2809" type="rectangular"]Outra característica de muitas homestays é o facto de providenciarem bicicletas para os hóspedes sem qualquer custo, o que se torna bastante útil para as deslocações diárias, até porque neste caso estava a cerca de 1 quilómetro do centro histórico (distância bastante aceitável). E foi dessa forma que me fiz locomover todos os dias que aqui passei, onde optei por ter uma postura o mais próxima possível de alguém que vive por cá. Como o tempo não convidava a uma ida à praia (sim, também há praia por aqui) e a cidade não é muito grande; tem apenas três ou quatro pontos que vale a pena visitar (o que, com jeitinho, se faz numa tarde), dediquei o resto do tempo a... estar de férias. Sem stress e com a tranquilidade que aqui é muito fácil de encontrar, passeei de bicicleta, andei pelo mercado, li e escrevi sentado em cafés, conversei com locais e viajantes. Uma tranquilidade que em muito resulta do facto do centro histórico ter acesso reservado a bicicletas e peões a partir do fim da tarde. E à noite, a cidade ganha uma outra vida com as “lanternas” coloridas acesas, emprestando um encanto extra a um lugar já encantador. É, de facto uma experiência única passear por Hoi An à noite, garanto-vos.Quanto a atracções, há umas quantas que podem visitar, como os Pagodes (locais de culto, não de festa, atenção), a ponte japonesa, casas históricas muito bem preservadas e um ou outro museu. Aliás, supostamente é necessário adquirir um bilhete (com um custo aproximado de 6 dólares) para entrar na Old Town, bilhete esse que dá direito a entrar em cinco destas atracções, mas no meu caso só no último dia é que me pediram o bilhete. Por acaso tinha-o comprado nessa manhã para aceder a alguns destes pontos, mas tudo o resto fiz sem qualquer ingresso.[gallery ids="2800,2799" type="rectangular"]Para fechar, duas curiosidades: há muitos locais (restaurantes e não só) a ministrar cursos de culinária. Aulas de meio dia, um dia inteiro ou até mais. Se querem mergulhar no universo da cozinha asiática, aqui é um bom local para o fazer. E depois, algo de muito surpreendente. Hoi An é fortíssima na nobre arte de fazer fatos por medida. Fatos e, pelos vistos, calçado. É verdade. São inúmeras as alfaiatarias nesta cidade! E, ao que parece, algumas delas com muita qualidade a um preço estupidamente competitivo. Diz quem sabe que é só levarem uma foto do que pretendem e saem de lá com um fato de fazer inveja ao mais bem vestido dos dandys europeus. E senhoras também, atenção. Vestidos por medida é o que quiserem. Sapatos e botas de pele também são fortíssimos por aqui, imagine-se. É uma cidade surpreendente, esta, sem dúvida.Para a despedida tinha outra surpresa dos meus anfitriões. Não sei se era dote ou algo do género, mas a verdade é que me deram um saquinho com “local cake” para a viagem. Fui ver e era algo de muito estranho, mas bastante saboroso. Não consegui apurar ao certo o que era, mas sei que cada pedaço estava embrulhado em folhas de bananeira e tinha uma consistência estranha, quase gelatinosa, com algo no meio que me pareceu carne. Na dúvida, fiz aquilo que devemos fazer por aqui: não quis saber o que era. Comi e gostei. Para além da simpatia e generosidade dos Thi, é tudo o que preciso de saber. Agora, siga para Hanoi.cof