Sou hipertenso, e agora?
Sabiam que 25% de pessoas que têm hipertensão não sabem que têm a doença e não tomam os medicamentos devidos? E que cerca de 42% dos portugueses têm valores anormais de pressão arterial? Hoje, 17 de maio, comemora-se o Dia Mundial da Hipertensão e não podemos deixar de falar nisto, partilhando a história de um de nós:
Sou hipertenso!
Não para terem pena (não é caso para tanto) mas sim para pensarem nesta doença silenciosa e para vos desafiar a cuidarem e terem atenção à vossa tensão arterial. Quem é que, no auge da sua adolescência, não achava estranho o “tirar a tensão” aos nossos pais, tios e avós quando os acompanhávamos a uma farmácia ou uma consulta? Era uma coisa de “adultos”, certo?
E nunca percebíamos bem aqueles números ditos pelos homens e mulheres de bata branca que não faziam sentido nem sequer para apostar no Euromilhões…
Os que cresceram e se tornaram adultos sem casos clínicos de assinalar no que toca à saúde cardiovascular nunca mais ligaram à hipertensão. E continuam a não ligar. E isso pode ter consequências trágicas. Também eu nunca liguei à tensão. Sempre pratiquei desporto, sabia que tinha ali um colesterol mau um pouco acima da média, mas pensava: “quem não tem?”
Só que há cerca de dois anos, e depois de me ter lesionado a correr 53 km nos trilhos do Piódão, e ter sido obrigado a parar, inscrevi-me num ginásio para manter a forma. Quando estava a fazer a primeira aula, que geralmente é acompanhada, o PT mediu-me a tensão, e vi logo na sua cara que algo não estava bem. Tanto que ele mediu a tensão três vezes. Perguntou-me se estava nervoso. Respondi que não. Se andava stressado. Respondi: sim, é normal, sou jornalista e estou envolvido em inúmeros projetos ao mesmo tempo. E ainda me fez a pergunta: é hipertenso? Ao que respondi quase com desprezo: “Não. Claro que não, quer dizer, acho que não…”.
O passo seguinte foi marcar uma consulta e fazer uma carrada de exames para o veredicto final ser: sim, Filipe, és hipertenso!
Não aceitei bem. Ter de tomar um comprimido todos os dias de manhã era o mesmo que afirmar a minha entrada na velhice. No início a coisa não foi fácil, até porque há uns mitos urbanos que levam a pensar que estes comprimidos retiram a líbido. A custo resolvi medicar-me e comecei a sentir-me melhor. Não sei bem o quê, mas senti-me. A única coisa que percebi foi que as dores de cabeça quase diárias que tinha, desapareceram com os comprimidos. E nada afetou a líbido, garanto-vos!
Confesso que ainda sou preguiçoso e não meço a tensão todos os dias, mas sim todas as semanas. Já tive alturas de stress em que tomo um comprimido inteiro, outras que basta metade. Tudo de acordo com o que o meu médico diz.
Mas esta doença é mais séria do que parece. Conheço pessoas que deixaram de tomar os comprimidos e com umas agravantes que tinham (e não sabiam) morreram! Sim, pode acontecer.
Ser hipertenso não é sinal de estarmos velhos, é uma patologia. Não tratar dela é sinal que somos baldas com a nossa saúde. Ter atenção aos valores, praticar desporto e ter cuidado com a alimentação! Porque, meus caros, a partir dos 40 não há espaço para “brincadeiras”.
Vá, toca a ir tirar a tensão nos próximos dias. Ok?