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David Bowie, Prince, Leonard Cohen e, agora, George Michael. Não está a ser um ano fácil para os homens do mundo da música. 2016 está a começar a parecer aquele vizinho rezingão que manda baixar a música só porque não suporta ouvir os outros a divertirem-se, com a agravante que neste caso está a mandá-los calarem-se para sempre. Felizmente teremos – também para sempre – a obra que nos deixam, que, no caso destes senhores, é mesmo coisa para ficar na história. Uma história que para nós, homens e mulheres na casa dos quarenta, já vem bem de trás e com muitas evoluções a acompanhar o nosso gosto pela música.Não há muito tempo estávamos a ouvir estes senhores em cassetes com lado A e B, muitas vezes gravadas a partir da emissão da rádio com a qualidade possível na altura. Lembram-se das estações de rádio que aproveitavam a parte instrumental das músicas para “enfiar” uma pequena assinatura com o nome da estação, “estragando-nos” a gravação? Eu lembro-me sem grande saudade, confesso.Cassetes que eram, na altura, o mais parecido com as
playlists do Spotify que temos hoje. O botão do REC era mesmo o nosso melhor amigo, com quem mantínhamos uma relação de amor-ódio, em função do sucesso que tínhamos na escolha do timing para o pressionar, quando tocavam as nossas músicas preferidas na rádio. E volta e meia lá estávamos nós a gravar uma cassete com todo o carinho para oferecermos à miúda de quem gostávamos no liceu. Era um presente do caraças! Depois levámo-la no walkman e, com sorte, partilhávamos os
headphones com a miúda para ouvirmos a cassete no intervalo da aulas, muito juntinhos.[gallery ids="1694,1695,1693" type="rectangular"]Mais tarde vieram os discos compactos (CD). A excitação que aquilo foi na altura! Estar tudo ali, concentrado, com possibilidade de passarmos as músicas apenas com um toque de botão. Aposto que todos se lembrem dos primeiros CDs que tiveram, tal foi a importância do momento. Tracy Chapman e Dire Straits foram os primeiros de que me lembro ver (e ouvir) lá por casa. Hoje a escolha seria outra - óbvio - mas destes dois não me esqueço mais. É um pouco esse, também, o poder da música na nossa vida. Lembram-nos aquele concerto, aquele verão ou aquela namorada. Neste caso, estes dois lembram-me o meu pai, já que foram escolha dele. Mas a música é muito isto. É aquele momento, aquele
single ou faixa do álbum, mas também uma recordação, um sentimento.A verdade é que temos a sorte de pertencer a uma geração que atravessou uma era muito rica, não apenas em talentos musicais tremendos, como estes senhores que este ano nos deixaram, mas também nos tais desenvolvimentos tecnológicos que passaram ainda pelo
Mini Disc, DVD,
Blu-ray, Mp3 e, mais recentemente, o Spotify. Temos tudo na ponta de um dedo, muitas vezes à distância de um “
swipe” num ecrã táctil. Se dantes tínhamos a ilusão de um dia vir a perceber uma palavrinha ou outra de alemão para conseguirmos entender o que acompanhava as imagens das revistas Bravo que as nossas amigas compravam (lembram-se dos autocolantes?), hoje lutamos para tentar dominar a cascata de conhecimento e informação que nos chega de várias fontes. Mas uma coisa mantém-se inalterável: o gosto pela música e o respeito pelo génios que nos levam a viajar nas suas composições artísticas. Génios que têm partido cedo demais, muitos deles em resultado de uma vida de excessos que alguns invejam e procuram imitar. Será o lado negro de uma indústria que nos deu tanto para recordar. Fica o legado e o sentimento agridoce de termos sido contemporâneos de homens inesquecíveis cujas músicas iremos, por certo, passar às gerações vindouras. Em que formato será isso, logo veremos.RIP meus senhores.Nota: este post foi escrito num MacBook Pro, num café com wifi, com o Spotify ligado na playlist “George Michael Greatest Hits”, e de headphones nos ouvidos.
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