Conversa de homens: Conheçam os Motorcycleboys
Sabiam que há um Hostel para apaixonados das motas às portas de Lisboa? Mas que não é sou um Hostel mas também uma loja que vende produtos para o segmento Café Racer? E que organiza passeios de mota e aluga motos clássica (Triumph, Honda, etc)? E que ainda tem um oficina para reparações mas, sobretudo, para costumizar motos? Sim, existe é em Algés e é um espaço muito cool. Estivemos à conversa com os responsáveis: Frederico Arouca, João “Pirata” e José Valdeira. Partilhamos convosco!
LiAM: Qual é o conceito do Motorcycleboy?Frederico: O Motorcycleboy nasceu e cresceu de uma forma semi orgânica, sem ter sido muito pensado. No fundo refletimos sobre o que necessita uma pessoa que gosta de andar de mota. E quando falo de andar de moto é neste segmento, chamado das Café Racers, a que nos dedicamos. Então criamos uma loja com marcas que nós usamos, aliás, não vendemos nada na loja que não usamos, por isso podemos recomendar tudo com conhecimento de causa. Depois pensamos que poderíamos ter um local onde amigos que viessem de fora pudessem ficar. O espaço por cima da loja ficou vago e lançámos o Hostel. E depois pensámos, se vêem de longe e não trazem moto? Então colocamos motos para alugar. E montamos também a oficina para começar a transformar motos. E depois começamos a organizar passeios de mota. Foi uma ideia atrás da outra.LiAM: Em quanto tempo abriram esses serviços?Fred: Quando abrimos foi tudo quase de seguida. Montar o hostel é relativamente simples, ainda pensamos abrir um bar à séria, mas não resultou. Temos apenas um bar de apoio a quem vai à oficina ou à loja. Estamos em Algés e é um local que tem pouco interesse na área dos bares e restauração. Mas em termos de oficinas é muito interessante, estamos numa excelente zona. Desde que abrimos que começaram a aparecer muita gente com motas antigas para arranjar ou transformar.LiAM: As Café Racer são um segmento que está a crescer?Frederico: Sim, sem dúvida. E vemos isso pelas vendas das Mash. Toda a gente que compra uma Mash ao fim de seis meses está a customizar a mota, e depois passado outros tantos meses quer comprar outra mota. A Mash é uma porta de entrada para este mundo. Se vermos o número de Mash que vendem dá para perceber o crescimento deste segmento Em meados de 2016 quando os centros de inspeção começaram a falar das regras das inspeções, muita gente começou a ficar reticente. Mas não é verdade. Tudo o que saiu foi feito pela Controlauto…LiAM: É, portanto, um mito?Frederico: O que vai haver e há em toda a Europa são inspeções às motas a partir de 2020, dito isto ninguém sabe quais são os moldes das inspeções.João "Pirata": Penso que as inspeções terão mais a ver com os termos de segurança, piscas, travões, suspensão. Se é tirar um carnagem ou um farol? Penso que não será por aí. Contudo, havia uma indústria nos carros, com o tunning, que de um momento para o outro desapareceu…Frederico: A diferença que há para o tunning é que nas motas que os principais impulsionadores são as marcas. A Triumph lança uma mota e tem um catálogo com 500 peças, a Moto Guzzi lança uma moto e lança também uma série de acessórios para a mota. Mas claro, vivemos em Portugal e por vezes sentimos na pele a falta de bom senso quando algumas ideias se transformam em leis. A ficha de homologação da moto diz tudo o que a mota deve ter. Será que meter um pisca diferente irá ser tido em conta? Desde que seja homologado qual a diferença?LiAM: Como é que vocês se conheceram?José Valdeira: Eu e o João viemos ver motos aqui, porque eu decidi que queria voltar a ter uma mota. Não havia nenhuma mota já montada e voltei no dia a seguir, e no dia a seguir também, até que fiquei (risos). Tive necessidade de preencher a minha vida com algo que gostasse. E o João veio a reboque.João “Pirata”: …todos nós temos outros trabalhos para além disto…Frederico: …é a vantagem, todos nós temos algo que nos dê dinheiro porque este mercado não dá dinheiro. Eventualmente um dia isto pode funcionar e ser um negócio. Isto é um nicho de um nicho. Em Portugal até as motos são um nicho.LiAM: Mas o mercado tem crescido, pelo menos 10% em 2016 em relação ao ano anterior…Frederico: Sim, sobretudo o número de motos tem crescido. Mas é ainda muito pouco. Mas nós não somos o motociclista utilitário, não estamos a competir com as lojas de utilitários. As pessoas que entram nas motas pelas 125cc, são pessoas que tem o carro e já não têm paciência para andar de carro e compram mota. Um dia passam das 125cc para outras e vêm cá parar à nossa loja.LiAM: Explica-nos, um pouco melhor, o que é este vosso segmento? Café Racers, Clássicas? Como o definem?Frederico: Normalmente as pessoas chamam Café Racers, o que é errado, pois é um sub estilo dentro do estilo. Nós aqui fazemos mais Scramblers do que Café Racers. Aliás, não nos podemos esquecer onde vivemos, a maioria das nossas estradas não nos permite andar de Café Racer. Ou seja, aqui as coisas são feitas à nossa imagem, andar numa mota clássica atualizada minimamente confortável. Falo contra mim, tenho uma Harley Davidson mas não tenho suspensão atrás, é muito dura e se passo num buraco é terrível mas eu gosto! Respondendo à pergunta, o que as pessoas querem é andar numa mota costumizada, seja Café Racer, Scrambler, Clássica, o que lhe quiserem chamar. A ideia é chegar aqui e dizer que não quer andar uma mota igual às outras. Temos um amigo que comprou um Moto Guzzi V7 e não gosta da traseira e alterou-a nos piscas. Este é um dos exemplos. Antes as motas existiam como afirmação de estilo de vida, hoje em dia isso é treta. Hoje em dia quem tem “Harleys” são os tipos que andam de fato durante a semana e que depois se afirmam através daquilo que possuem e a mota permite isso, porque os carros são todos iguais: cinzentos ou pretos.LiAM: É este “movimento” cresce de norte a sul do país?Frederico: Cresce em todo o país. Mas o norte tem uma cultura automobilista muito forte. Depois a cultura do design também é do Norte. E o dinheiro está no norte. Os Tone Up e a It Rock Bites são do Norte. No Porto tens 50 pessoas que fazem cromados, em Lisboa tens um. Os North Siders todas as semanas reunem entre 20 a 150 pessoas a andar de mota. A vida cá em Lisboa é diferente. Mas a taxa de crescimento é igual no norte que no sul, a base é que é diferente.LiAM: Acham que é uma moda? Ou veio para ficar?José Valdeira: A barba é uma moda ou veio para ficar?Frederico: Muita gente entrou por moda e muita gente vai sair para a próxima moda, mas vai haver uma parte grande que vai ficar. À medida que as pessoas vão ficando mais velhas, mais lhes agrada este estilo.LiAM: Que conselhos dão a quem ter uma mota? E quem quiser entrar no vosso nicho e que se calhar até já tem uma scooter moderna e quer mudar?Frederico: O clássico seria comprar uma 125cc, uma Mash ou algo do género, e depois ir crescendo até chegar a uma cilindrada confortável, que para mim é mais de 500cc. Quanto mais força tiveres no motor mais facilmente sais de todo os azares que podes ter de mota. Se andas numa 125cc destas de motor estranguladas a maioria anda sempre a fundo. Se andas numa 750 ou uma 600 e se alguém vem para cima de ti, aceleras e consegues fugir. Uma mota não é andar sempre a fundo mas sim ter motor para quando tiver que fugir poder fazê-lo.LiAM: E há mulheres neste segmento?Frederico: Sim, há muitas mulheres. Nós apoiamos um motoclube de mulheres, as Litas. Que é um grupo internacional e agora abriu uma representação em Portugal. Costumam reunir-se aqui no Motorcycleboy e temos um corner de t-shirts de senhora. Em termos de taxa de crescimento é aquilo que vai crescer. As motas são um mundo de homens, mas está a mudar.E como veem a marca Motorcycleboy evoluir?Desenvolvemos a parte de merchadising sempre em parceria com designers portugueses. E este ano vamos apresentar cerca de cinco motas, o que vai consolidar a nossa marca no mercado. Vamos a feiras internacionais como o Wheels & Waves. E a ideia não é irmos como espetadores mas como participantes. Queremos juntar mais gente de Portugal para estarmos lá a mostrar motas e a vender produtos. O fato de termos o Hostel diferencia-nos como marca.Pensam abrir O Motorcycleboy em outros locais?Frederico: Gostava. O que vai funcionar no futuro são os serviços: os passeios de mota, a oficina e o hostel. Os capacetes, as t-shirts funcionam mais com catalisadores para as pessosa virem cá e nos conhecerem. Mas sim, gostava de ter um hostel com oficina no Porto. É um conceito que funciona em todo o lado. Aliás, há uns tempos fui a Milão à loja da Deus que tem um café e uma loja, e aquilo é lifestyle e nós somos também lifestyle. É como no surf.LiAm: Há muita gente a procurar passeios de motas?Frederico: Há, mas ainda não tivemos tempo para promover a coisa como deve de ser. Mas as pessoas procuram e são muito diferentes a tipologia de pessoas que nos procura.E, em média, quanto custa costumizar uma mota?Frederico: Não vale a pena pensar que se faz alguma coisa por menos de mil euros. Depois, mais do que isso não há limite. Pintar um depósito numa pintura simples nunca é menos que 150 euros. Meter pneus são uns 200 euros. Mudar um guiador pode ser cerca 100 euros, mais mão de obra. É fazer as contas.E já vos deram carta branca para mudar a mota?Frederico: Não. As pessoas tem uma ideia do que querem.João “Pirata”: Muitas vezes as fotos que se veem de motas transformadas são motas de exposição e que não andam. Porque não têm cabos, nem baterias. As pessoas às vezes não têm noção disso.Frederico: Ainda não temos nome para poder fazer isso. Em Portugal não há muita gente que pode fazer isso.
Cliquem e dêem uma vista de olhos na galeria de imagens da loja Motorcycleboy:
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