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Like A Man

14 de Julho, 2017

Conduzir um clássico

João NC

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Meus senhores, mais do que um lugar-comum, é uma inevitabilidade. Desde tenra idade que somos fascinados por (quase) tudo o que tem um motor. Uns vão mais para os carros, outros para as motas, outros para os aviões e muitos gostam de todos eles. Na semana passada pude cumprir um sonho de criança: conduzir um clássico. Ora leiam.

 

Já aqui confessei que o meu interesse por motas é recente, mas sempre fui fascinado por carros. Contam os meus pais que era comum ir no banco de trás do carro de família a fingir que conduzia, segurando nas mãos qualquer objecto que se assemelhasse a um volante. Não sei exactamente o que me passava pela cabeça na altura, mas estaria longe de imaginar que um dia iria conduzir um carro contruído mais de 20 anos antes. À data de hoje, um verdadeiro clássico, portanto.

 

A verdade é que esse dia chegou. Por motivos profissionais vi-me “obrigado” a conduzir um Porsche 356 de 1958, com os resultados que as fotos documentam. Um sorriso de orelha a orelha e uma sensação de ter nas mãos um pedaço de história.

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Dou por mim a imaginar as pessoas que já passaram por aquele banco, a sensação que o primeiro proprietário terá tido quando o foi buscar à fábrica (desconfio que em 58 o conceito de concessionários automóveis ainda estivesse um pouco distante), em que circunstâncias o terá passado para o proprietário seguinte, enfim. Coisas que nos passam pela cabeça quando temos a oportunidade de conduzir um automóvel com personalidade, longe – muito longe – dos carros que se fazem hoje, onde nem precisamos de girar a chave na ignição para que tudo funcione.

 

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Mas a verdade é que quase 60 anos depois da primeira vez, neste 356 roda-se a chave (à esquerda como manda a tradição Porsche) e tudo funciona com deveria.

 

A sensação que se tem ao volante deste clássico é que tudo depende de nós. Não há cá electrónica que nos salve em caso de distracção. A travagem não é o seu forte e a aceleração custa. Custa fisicamente, mesmo, já que o pedal do acelerador exige algum esforço físico para se manter lá em baixo. E lá em baixo se manteve à medida que circulávamos a 120 km/h em autoestrada. Sem queixas ou "engasganços" de um motor que ainda está aí para as curvas.

 

E por falar em motor, é sempre especial escutar o som vindo lá de trás, como quem diz "vamos embora rapaz, vai à frente que eu estou cá para ti". Imagino isto num tom paternalista (afinal estamos a falar de um carro de 1958), mas também desafiante. Como aqueles senhores já velhinhos que se mantém impecavelmente jovens de espírito, sempre prontos para se divertirem, e que muitas vezes envergonham a malta mais nova pela sua jovialidade e sorriso permanente.

 

É assim este Porsche 356. São assim os bons clássicos.