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Like A Man

08 de Fevereiro, 2017

Avenida Quê?

LiAM

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Começo por dizer que não sou propriamente um fã de musicais. E não sou, também, um fanático de marionetas, ou de “bonecadas”, vá. Ora bem, sendo que o convite que nos chegou era precisamente para assistir à preview de “Avenida Q”, um espectáculo que envolvia ambas as premissas anteriores, tinha tudo para correr bem, certo? Se a isso juntarmos os efeitos do jet lag que, depois de três semanas na Ásia e de um regresso de mais de 24h entre aviões e aeroportos, ainda se faziam sentir, tínhamos todas as condições reunidas para uma noite bem passada! A verdade é que, ironias à parte, foi mesmo. O que só vem provar, uma vez mais, que os preconceitos apenas servem para nos afastar das boas surpresas.

 

E este “Avenida Q” foi exactamente isso; uma excelente surpresa. Claro que o facto de vir com o selo de qualidade do sempre exigente mercado da Broadway, onde conquistou inclusivamente alguns prémios, é um bom cartão de visita, mas nunca fiando. E foi num misto de desconfiança e alguma curiosidade que fui assistir, na passada segunda-feira, à ante-estreia deste musical que se anuncia como "uma espécie de 'Rua Sésamo' com linguagem adulta e problemas reais”. E a verdade é que cumpre essa promessa de uma forma bastante competente e divertida. É muito fácil soltar umas valentes gargalhadas perante um texto divertido, mas também muito actual, e muito bem interpretado por uma mescla de humanos e bonecada ao melhor estilo dos Marretas, com a particularidade de que os actores/actrizes que os manipulam estão também ali à nossa frente, tornando por vezes difícil a decisão de ter de escolher para qual deles olhamos quando o seu personagem está a falar. E as músicas acabam por acrescentar algo a esta dinâmica, sobretudo na parte de arrancar gargalhadas à audiência.
Afinal, não é todos os dias que se escutam canções com rimas que incluem palavrões e insinuações sexuais. Sobretudo cantadas com o ar angelical que aqui se consegue.Não contem, por isso, que este seja um espectáculo para menores de 16 (ainda que não se diga lá nada que eles não saibam). Eu próprio ainda ponderei levar o meu sobrinho de 14 anos, mas a meio do espectáculo fiquei contente de não o ter feito.

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A acção desenrola-se à volta de um grupo de amigos que tenta encontrar um propósito na vida, reflectindo sobre o amor, a amizade, o sexo, o dinheiro, o trabalho e os sonhos de cada um. Pelo meio canta-se muito, dizem-se alguns disparates e uns quantos palavrões. No universo das personagens há a sonhadora em busca do amor, o tarado viciado em pornografia, o gay no armário e o recém-licenciado cheio de esperanças, entre outros. Podia ser uma qualquer rua de uma cidade portuguesa, portanto.Escrito por Robert Lopez e Jeff Marx, o musical chegou à Broadway em 2003 e ganhou vários prémios Tony (os que distinguem os melhores do teatro americano), entre os quais o de melhor musical.avenida3

Por cá, o espectáculo é encenado por Rui Melo e conta com a tradução e adaptação de texto de Henrique Dias e tradução e adaptação de canções de Henrique Dias e Rui Melo. A representar – com e sem marionetas – estão, entre outros, Ana Cloe, Diogo Valsassina, Gabriela Barros, Rui Maria Pêgo e Inês Aires Pereira.“Avenida Q” estreia hoje, dia 8 de Fevereiro,  no Teatro da Trindade, em Lisboa, fica em cena até 2 de abril e pode ser visto de quarta-feira a sábado, às 21:30, e ao domingo, às 16:30.Eu, no vosso lugar, não perdia. Mesmo!