(A vida é curta demais para usar) gel de banho com um cheiro esquisito
Todos temos, em determinado momento da nossa vida, alguém que nos oferece um gel de banho. É um facto comprovado (por mim, neste caso). Por provar fica o dado estatístico que parece indicar que nem sempre o aroma desse gel de banho é do nosso (meu) agrado.
Se for esse o caso, e perante esta situação, o que fazer? Parece relativamente inofensivo (e será até bastante decente) que usemos esse gel de banho, mesmo que a fragrância do mesmo não nos agrade. Será um desperdício se não o fizermos. Talvez. A menos que pensem como eu.
Tenho para mim que a vida é curta demais para “usar gel de banho com um cheiro esquisito”. Uma metáfora, se quisermos, que podemos aplicar a muitas outras coisas na nossa vida. Como ler livros que não nos despertam qualquer tipo de emoção, ver filmes sensaborões ou, até, aturar pessoas que nos deixam maldispostos. São apenas exemplos, claro. Mas já perceberam a ideia. A vida é curta demais para fazermos coisas que não nos deixam satisfeitos. Sobretudo quando há outros livros, outros filmes, outras pessoas que podemos conhecer.
Para isso já basta, tantas vezes, o nosso trabalho. E mesmo esse, muitas vezes apenas necessita de um plano alternativo. Bem mais complicado do que voltar a oferecer o gel de banho a um terceiro, é certo, mas ainda assim viável, se definirmos a nossa felicidade como uma prioridade.
Para os leitores na casa dos 20 ou dos 30, que poderão estar a achar esta teoria algo exagerada, admito que possa ter algo a ver com a idade. Depois dos 40, e à medida que os anos vão passando, vamos tendo menos paciência (e tempo) para as coisas que nos aborrecem. Em duas palavras: os fretes. Não quero parecer dramático, mas terá, talvez, a ver com os (menos) anos de vida que temos pela frente. E/ou com os muitos fretes que fomos fazendo ao longo dos anos que já vivemos.
Mas a verdade é que os 40 parecem marcar uma fronteira entre o politicamente correcto e o “I don’t give a damn” que se adivinha para os próximos anos. Cansamo-nos das pessoas mais ou menos, dos filmes “pastilha elástica” e, lá está, do gel de banho com o cheiro esquisito. Parece-me uma evidência e tinha que o dizer. Está dito.