16 de Novembro, 2016
A ressaca da América...e do mundo.
LiAM
Já muito se escreveu e falou, e muito irá ainda ser falado e escrito mas aqui no Like A Man não conseguimos ficar indiferentes a um assunto que mexe com a vida de todos nós: a eleição de Donald Trump para presidente dos Estados Unidos da América.Claro que um gentleman evita quase sempre falar de religião, futebol (que tenha ver com clubes) e de política. Contudo, Trump é mais do que política. É mais do que a divisão entre esquerdas e direitas. A governação de Trump vai mexer com todos nós, mais do que Obama ou mesmo George W. Bush mexeu. A América está em choque, quem não votou e até mesmo quem voto nele (como bem ilustra este cartoon de David Rowe).Devemos ter receio ou devemos achar que os Estados Unidos estão lá longe e pouco nos irá influenciar? Um misto dos dois. Apesar do discurso de Trump ter sido sobretudo virado para dentro do seu país, o resto do mundo será influenciado pelas suas ações.Trump é demasiado vaidoso para, uma vez estando na Casa Branca não tentar voltar a colocar a América como o polícia do mundo.Mas para além de termos de estarmos atentos ao que Donald Trump vai fazendo e a forma como as suas ações serão descodificadas pelos comentadores políticos, devemos, sobretudo, estar atentos ao que se irá passar na Europa. Um Trump nos Estados Unidos pode fazer muita mossa ao mundo, mas um Trump em solo Europeu, replicado por várias nações poderá ser muito, muito perigoso.O facilitismo do surgimento do populismo leva-nos a isso. Há coisas boas que uma crise económica pode trazer a uma sociedade – acredito piamente que sem crise não teríamos esta avalanche de empreendedorismo luso -, mas há coisas más, aliás, muitas, e uma delas é o estado espírito crítico dos cidadãos que esmorece. Passamos a hierarquizar as necessidades mais básicas. A esperança é atacada todos os dias, ficamos mais nervosos, ficamos mais frágeis e é nestes momentos históricos que surgem figuras estranhas (como Trump) que chegam ao poder. A um poder desmesurado. E isso na Europa, com a sua história de guerras é muito preocupante.E não, nem todos os milhões de norte-americanos que votaram em Trump são homens, brancos, ricos, racistas, homofóbicos e com um ódio de estimação pelos jornalistas. Muitas minorias votaram em Trump. E o nosso duplo dever, como cidadãos deste planeta é estar atento ao que vem do outro lado do Atlântico mas também, e sobretudo, perceber e analisar as razões de tal surgimento deste populismo (atentem ao que se passa no leste europeu). Não basta confiar nas elites para resolver os nossos problemas. Há que analisar, ler, escrever, pensar e usar bem mais precioso do ser humano: a sua mente. Não entre em colapso ao som dos soundbytes televisionados ou passados nas redes sociais. Há vida séria para lá dos ecrãs.Há dias escrevi que é necessário ter mundo. Ora esse mundo dá-nos força de espírito para que, nas nossas casas, nos nossos empregos, nos nossos clubes, nos nossos relacionamentos não escolhemos o facilitismo. E termos opinião própria. Seja mais conservadora ou mais liberal. Mas no equilíbrio do bom senso, sem histerias. Os próximos meses serão demasiado importantes para andarmos alienados disto tudo.