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Like A Man

07 de Fevereiro, 2020

A moda mudou de mãos

André de Atayde

Desfile de Marques'Almeida no Portugal Fashion, em outubro de 2019         José Fernandes

Há cada vez mais a ideia de se fazer, consumir e comunicar moda de forma mais sustentável. O planeta agradece, e as pessoas também. Reciclar peças, usá-las de forma mais consciente e vestir aquelas calças que estão no armário há anos e que nunca vestimos. Contra mim falo, que tenho roupa que usei uma vez e nunca mais lhe toquei. Faz sentido? 

Mas tenho uma coisa boa, dou imensa roupa e sapatos. Seja a amigos, seja a quem precisa dela. De tempos a tempos faço uma espécie de Black Friday meet Ciber Monday e envio fotografias de roupa e sapatos para amigos, deixando a decisão da escolha nas mãos deles. 

É como as roupas que passam de irmão para irmão. Porque a moda é uma das indústrias mais poluentes do mundo e, acredite-se ou não, a Terra não é plana, mas está cada vez mais poluída.

Somos bombardeados todos os dias com anúncios de roupa, montras com segundos e terceiros saldos, a preços de moedas pretas esquecidas nos bolsos, e acabamos por nos deixar ir na tentação. 

Sim, a roupa de designers made in Portugal é mais cara, mas a qualidade é melhor, dura mais tempo, tem design único, e sabemos que é feita de acordo com normais e leis que respeitam o Ser Humano. A de algumas montras sabemos que não é bem assim.

O homem moderno nos dias de hoje também tem muita roupa. É mais vaidoso, apresenta-se melhor, e gosta de se vestir. Mas a que custo? Ao de ter dezenas e dezenas de calças e camisolas e usar sempre as mesmas? Ter 30 pares de sapatos e ir trocando entre dois ou três? 

Façamos o exercício de abrir o roupeiro e, entre coisas penduradas e as outras nas gavetas, escolher aquilo que realmente faz sentido termos. Sem nostalgias ou tristezas. Com #desapego pelo que está a mais.

É suposto a moda ir mudando de mãos porque o que já não nos serve, assenta como uma luva em outra pessoa.