25 anos depois reencontrei Axl e Slash!
2 de julho de 1992. Estádio José de Alvalade. Seis meses após ter comprado o bilhete para o qual olhava religiosamente todos os dias estava finalmente a ver Axl Rose & Cia. 25 anos depois voltei a rever Axl Rose, Slash e Duff McKagan e a emoção foi a mesma. Este é o meu relato do concerto de Guns’n’Roses de 2 de junho.
Andava a evitar informar-me sobre o concerto. Sabia que eles vinham aí, sabia que o concerto era praticamente à porta de casa, mas por alguma razão não me quis empenhar em ter o bilhete. Apenas uns dias antes, comecei a pensar seriamente no assunto. Cá em casa não se falava noutra coisa. Nas conversas com os amigos que partilharam comigo o concerto de 1992 não se falava de outro assunto. Por muito que tentasse, os “Guns” estavam a cercar a minha atenção.
Até que no próprio dia antes do almoço a Heneiken, simpaticamente, arranjou-me dois bilhetes para ver Axl Rose, 25 anos depois. O resto do dia, confesso, pouco trabalhei! Soltei o entusiamo que tinha retido nas semanas antes do concerto. Era certo: ia estar em Algés a dedilhar timidamente junto à cintura, ao belo estilo de air guitar, os acordes fantásticos de Slash – aquele solo da música “Estranged” é de arrepiar.
Confesso que nessa tarde de regresso a casa nunca fui tão cuidadoso a andar de mota. Não fosse alguma azar acontecer...e eu ali com dois bilhetes na mochila.
Passadas umas horas estava no recinto. Primeiro bebeu-se uma cerveja e depois concentração máxima para ver Axl e membros originais dos Guns’n’Roses.
Foi uma noite de memórias. Das boas. Dos tempos de liceus, dos amigos que ficaram para a vida e dos outros que foram inevitavelmente ficando pelo caminho, das paixonetas sem grande importância dos tempos de adolescente, dos sonhos que tivemos em putos e que conseguimos realizar e dos outros que ficaram pelo caminho...quem diria que 25 anos depois estava ali a vibrar com o “Sweet Child’O mine” ou o com o “Welcome to the Jungle” que tantas e tantas vezes me acompanharam nas subidas diárias da Av. Álvares Cabral para o Liceu Pedro Nunes. Num walkman da Sony, pois claro.
Claro que foi estranho ver um Axl Rose em pior forma física do que eu. Por vezes parecia que estava a ver uma senhora velha, daquelas a que a velhice não tem sido piedosa. Estranho ver como um dos rockers com mais pinta e que marcava mais as tendências se desleixou (quem não andou no início dos anos 90 com uma camisa aos quadrados à cintura?). Mas a voz ainda está lá. Com uma pequena falha aqui e acolá, mas está.
Falando do concerto, que, se calhar é para isso que aqui ainda estão. Gostei muito. Foi bom. Foram quase três horas bem passadas. A homenagem a Chris Cornell, com um fantástico "Black Old Sun" e o sempre inquietante "Mr. Brownstone".
Dos clássicos, só ficou por tocar o "Sympathy for the Devil" - umas das minhas versões preferidas, e o “Don’t You Cry”. Talvez de propósito, porque apesar de não ter sido o concerto do ano, ninguém saiu de lá com vontade de chorar. Foi uma noite de Rock! Com solos, expulsões, fogo de artifício e músicas cantadas de cor. Não foi só um retornar dos Guns’n’Roses, mas o retornar a assistir a um concerto de Rock. Que nos tempos que correm, apenas uns Arcade Fire conseguem isso em pleno. O resto dos concertos que assistimos têm sido concertos bons, mas que esquecemos ao fim de dois, três dias. Este, dos Guns, não sendo, repito, o concerto do ano, vai perdurar na nossa memória por muitos anos! Rock’n’Roll Rules!
p.s. - O mais irritante do concerto foi a quantidade de pessoas que preferiram gravar nos seus smartphones grande parte do concerto em vez de o viver em plenitude. Sinais do tempo!