Todos nós deviamos ter Greta Thunberg na voz
Acordo, mas não acendo as luzes. Vou ao WC para as primeiras necessidades do dia e despejo o autoclismo, duas vezes. Fico minutos a olhar para a estupidez. Como é possível gastar água potável, que podia ser bebida, com dejetos? Penso nisso desde criança.
Rumo ao frigorífico e faço o leite para os putos lá de casa. Demoro tempo a mais a decidir o que vou comer e tento acordar com o frio que vem de dentro da caixa branca. Olho para o gelo que se vai formando no fundo do frigorífico. “The Winter is Coming”, penso sempre nessa frase quando vejo o branco a tomar conta da traseira do frigorífico. Por momentos penso na energia parva que estou a gastar e como não estou a fazer nada para melhor o ambiente do planeta.
Logo de seguida, coloco as palhinhas de alumínio que comprei para substituir as de plástico. Sinto-me melhor. Parece que acabei de salvar o mundo com aquele gesto.
Depois de tudo feito, venho para o trabalho. Num carro de dois lugares, pequeno e a diesel. Olho para os outros carros, sou metade deles, mas tenho o dobro da esperteza, arrumo quase sempre sem dificuldade. Mas sinto-me mal. Sim é um carro a diesel e deve poluir nas horas. Penso que um dia será tudo elétrico.
No caminho olho para Monsanto de um lado, o que me dá paz, e do outro as plantações de casas ali para os lados da Amadora. Demasiados telhados encarnados e pouco verde.
Penso cada vez mais no planeta. As palavras da ativista Greta Thunderberg não me saem da cabeça. Quero juntar-me à causa. Penso que devia ajudar uma ONG qualquer, mas não sei como. Doando dinheiro através de uma APP? Plantando árvores?
Sobretudo penso que devia optar por medidas mais drásticas no meu dia a dia para ser mais sustentável e influenciar os meus. As palhinhas de alumínio e a substituição dos sacos de plásticos pelos de pano são medidas que não me satisfazem. Não quero dar em fundamentalista, estou demasiado velho para tal. Mas gostava de contribuir. Alguma ideia desse lado?