Se leram o post
Quem é o LiAM, nomeadamente a parte da nossa bio em que, muito sucintamente, resumo a minha bucket list a "viajar", facilmente perceberão o meu
mood para este ano (e porque não todos os outros que se seguem?). Se pudesse ser pago para viajar, provavelmente seria o que faria. Como isso ainda não é uma profissão, vou-me dedicando a acrescentar carimbos no passaporte à minha conta, e bem mais lentamente do que gostaria.Mas para este início de ano decidi inovar.
Já vos falei da questão de viajar sozinho, o que recomendo vivamente que façam pelo menos uma vez na vida, e agora faço outra sugestão: viajar apenas com meio plano definido à partida. Já há muito tempo que me deixei de viagens pré-formatadas em que alguém decide por mim o que vou ou não ver. Compro o voo para o destino e depois de algumas pesquisas e consultas com amigos que já visitaram o destino em questão acabo por decidir a rota a seguir e marcar os hotéis e demais voos, caso existam. Fiz assim das duas outras vezes que estive no sudeste Asiático. Desta vez, porém, decidi partir de Lisboa apenas com o bilhete de avião no bolso e as duas primeiras noites marcadas. O restante (meio) plano seria passar três semanas algures entre Malásia, Camboja e Vietname, com alguns sítios de passagem "obrigatória".Ainda assim, uma necessidade logística obrigou-me a planear um pouco mais à frente do que desejava. Alertado pela necessidade de pedir o visto para o Vietname online com alguma antecedência, tive de escolher as datas (aproximadas) em que ia visitar, ou pelo menos entrar, no país. Este é, de resto, um ponto importante nesta coisa de viajar sozinho. É muito útil, mais ainda do que quando se viaja acompanhado, recolher toda a informação que possamos sobre os destinos que queremos conhecer. Dicas como esta ajudam-nos a poupar algumas chatices no local. E como vamos estar sozinhos, quanto menos chatices para resolver, melhor. Assim fiz, planeando (lá teve de ser) a maior fatia da viagem para o Vietname, onde gostava de visitar locais como Hanoi, Hoi An e Ho Chi Min (a antiga Saigão), pelo menos. Veremos se o irei ou não fazer.Para já, a primeira paragem é Kuala Lumpur. Para quem nunca viajou para estas bandas, refira-se que haverá dois grandes aeroportos para onde se viaja a partir da Europa (e não só, mas é que interessa para o caso), e de onde é, depois, muito fácil (e quase sempre barato) viajar para outros destinos apetecíveis. São eles o aeroporto de Singapura e o de Kuala Lumpur, dois grandes
hubs com pontes aéreas para quase todo o lado. Bangkok também pode entrar neste campeonato, sobretudo se um dos destinos a explorar for a Tailândia. No meu caso, depois de já ter visitado a Tailândia duas vezes, uma delas incluindo Singapura, optei por Kuala Lumpur, que ainda não conhecia. As duas noites reservadas são aqui mesmo. Uma dica de uma amiga apontou-me o
Lantern Hotel, em plena China Town, como uma boa opção (leia-se: barata sem comprometer a qualidade), o que veio a confirmar-se em absoluto. Excelente localização e condições muito simpáticas para o preço (vinte e poucos euros/noite com pequeno-almoço). Diria até que se trata de uma espécie de design hotel em versão
low cost. Convém apenas referir que apesar da boa localização, não é fácil dar com ele, sobretudo se chegarmos a China Town já com o aparato das bancas todo montado, já que se torna difícil ver para cima das mesmas. Mas quem tem boca vai a Roma e apesar de algumas dificuldades com o inglês dos interlocutores, lá consegui chegar. Uma dica para o trajecto aeroporto-cidade: quando viajo sozinho (ou a dois), e sempre que é possível, fujo de tudo o que é táxis e
shuttles. Se houver boas alternativas nos transportes públicos, é essa a minha escolha. E assim foi aqui. Optei pelo comboio que liga o aeroporto à cidade - muito competente -, fazendo depois a ligação com outro comboio, uma espécie de metro de superfície. No total, gastei aproximadamente 12€ no trajecto, bem menos do que gastaria de táxi.
Já instalado, e já de noite, resolvi fazer-me literalmente à estrada para começar a visitar três ou quatro coisas que gostava de ver na cidade. A primeira paragem só podia ser uma visita às imponentes Petronas Twin Towers. Fiz o caminho todo a pé (segundo o meu telemóvel nesse dia/noite fiz mais de 10km a pé) e aproveitei para ir sentindo a cidade. À chuva. Sim, entretanto chovia. Uma vez nas imediações das gémeas, há todo o espectáculo das torres em si, impressionantes em toda a sua dimensão, e o dos turistas, apostado em tirar fotografias em todos os ângulos possíveis. Giro.
Para jantar segui mais uma recomendação prévia: Jalan Alor. Não é um restaurante, mas uma rua cheia de pontos de venda de comida local. É só escolher o que agrada mais à vista e ao estômago e sentar. Recomendo vivamente.
Para o dia seguinte, ficaram mais duas visitas que queria fazer, a primeira às Batu Caves, localizadas fora da cidade, mas nada que uma viagem de meia hora de comboio não resolva; e a segunda para beber um copo num local improvável: um antigo heliporto no topo de um prédio, num bar convenientemente chamado de Helibar. Fui para o pôr-do-sol e valeu muito a pena. Apesar de ter gasto tanto numa cerveja quanto no almoço desse dia, foi uma forma de assistir à muito interessante mistura de culturas que existem nesta cidade (para além da vista incrível, claro). Entre turistas, expatriados e os clientes locais, percebe-se que Kuala Lumpur é ponto de encontro de várias nacionalidades, o que lhe dá uma personalidade própria e muito cosmopolita. Para mim foi duplamente interessante já que acabei a partilhar mesa com três malaios, com quem tive a oportunidade de conversar e perceber um pouco melhor como funciona o seu dia a dia por aqui, para além de ficar a saber qual a opinião deles sobre as mulheres ocidentais, claro. Conversa de homens não é conversa de homens se não se falar sobre miúdas. Seja em que parte do mundo estejamos.
O dia não terminou sem um jantar em mais uma das recomendações que trazia de Portugal: Old China Café, um restaurante localizado perto de China Town, bem antigo e muito simpático. É uma espécie de Martinho da Arcada cá do sítio. Gostei do espaço, da comida e do staff.
Para o dia seguinte estava agendada a partida para Siem Reap (Camboja), num voo comprado durante o pequeno-almoço do segundo dia (abençoada App SkyScanner). Mas sobre isso falo-vos num próximo post.